2015-04-02

Adolescência com crise

INTRODUÇÃO

Quando criança ninguém se preocupa com o próprio bem-estar ou com o fato de ter que se sustentar. O mundo infantil é composto de sonhos, de fantasias e preocupações imediatas como comer, beber, vestir e ser amado. Em geral há um adulto zelando para que as necessidades de sobrevivência da criança sejam satisfeitas.
Gradativamente, esse “paraíso” infantil vai sendo trocado por um amadurecimento dentro do qual a antiga relação de dependência dos pais não cabe mais. O jovem passa a procurar uma autonomia que aos poucos vai sendo conquistada. Esse processo de gradual independência denominado de adolescência é o período da vida humana entre a puberdade e a virilidade: estende-se dos 14 aos 25 anos. A adolescência começa realmente dos 11 aos 15 para as mulheres e dos 14 aos 16 anos para os homens.
Esse importante período da vida humana apresenta os seguintes aspectos: aceleração do crescimento; vida emocional fortemente influenciada por preocupações sexuais; rápido amadurecimento da mentalidade; aumento de espírito crítico; culto a própria personalidade; vacilações religiosas; ânsia de prestigio; timidez e arrogância; inconformismo; passagens inesperadas, do excessivo entusiasmo a profundas depressões.
Como podemos observar, as constantes mudanças no comportamento do adolescente leva-o a constantes crises, perguntando a si mesmo: Quem eu sou? Que virei a ser?

Crise de identidade

A identidade é uma característica de cada momento evolutivo. Em cada fase evolutiva, o indivíduo precisa desenvolver sua autocognição que implica no conhecimento da individualidade biológica, psicológica e social.
A identidade é a criação de um sentimento interno de mesma idade e continuidade, uma unidade da personalidade sentida pelo indivíduo e reconhecida por outro, que é o “saber quem sou eu”.
Quem sou eu? Que virei a ser? Essas são perguntas que inevitavelmente todo adolescente faz a si mesmo, no momento que flutua entre um passado que chega ao fim e um futuro que se anuncia e que ele tem consciência que deve preparar-se para ser o melhor ou o pior. Por isso costuma-se dizer que o adolescente vive sempre numa crise de identidade. Ao procurar sua identidade, o adolescente recorre a um comportamento defensivo, a busca de uniformidade, que lhe garanta segurança e estima pessoal.
A incessante flutuação da identidade produz no adolescente angústia, levando-o a se refugiar em um lugar bem característico: seu próprio interior.

Crise na escolha de uma profissão

As dificuldades com a escolha de uma profissão, normalmente, aparecem na adolescência, momento considerado de desestruturação e reestruturação da personalidade. A insegurança e angústia típicas desse momento surgem quando o jovem percebe que existem vários fatores pressionando-o sem que ele consiga identificá-los ou conhecer as suas origens.
Em uma pessoa relativamente livre de conflitos, o processo de escolha de uma futura profissão envolve uma pequena crise, decorrente da dificuldade de escolher uma carreira e renunciar a outras ao mesmo tempo. O jovem, após ter ponderado as oportunidades de trabalho, bem como seus valores e interesses, muitas vezes não consegue chegar a uma conclusão satisfatória a respeito de seu futuro profissional.

Crise da sexualidade

Cada adolescente procura dentro de si forças novas, que nem sempre consegue identificar. Entre elas a que mais o perturba e que certamente é uma das mais importantes e das mais profundas, é a sexualidade. Um autor americano lançou, poucos anos atrás, um livro que trata precisamente da sexualidade do adolescente, no qual define este como uma “pesonality in the making”, isto é, “uma personalidade em via de acabamento”. Com tantas mudanças no corpo o jovem adolescente se sente realmente em uma fase de acabamento.
Olhando para o futuro que se abre, o jovem se desenvolve em três níveis fundamentais:

1º- Nível biológico: O sistema nervoso central influencia o início da atividade de hormônios que vai provocar a puberdade, resultando no aumentado da elaboração dos hormônios sexuais e na produção de óvulos e espermatozóides maduros. O corpo assume sua forma, se fortalece, cresce e surge a sexualidade, revelando toda a potência sexual.

2º- Nível psíquico: A liberdade se alarga, levando o jovem, pouco a pouco, a autonomia, passando a decidir pessoalmente a sua vida sexual com as suas próprias escolhas, atribuindo a si mesmo toda a responsabilidade.

3º- Nível afetivo: Descobrimento do amor. O adolescente percebe que o caminho da felicidade passa necessariamente pelo amor à outra pessoa, tornando-se a base de sua felicidade.
Os problemas próprios da adolescência na sexualidade
No seu dia-a-dia, o adolescente se debate aprisionado pela incerteza, pelo sentimento de culpa, pelo medo, ou pela permissividade mais descabelada, provocada pelas pressões da nossa sociedade que leva os jovens a se justificar pela desculpa mais ambígua: “todo mundo faz”. De acordo com a opção tomada e adotada, o adolescente caminhará para a maturidade que garantirá a harmonia do amanhã, ou para a imaturidade que o conduzirá a beira do abismo de amores mal vividos.

Vejamos alguns problemas agudos da puberdade:

Masturbação: a percentagem de adolescentes que inicia a sua puberdade masturbando-se é extremamente elevada. As consequências da masturbação são bem caracterizadas e comprometedoras, pois a vida adulta desse adolescente será provavelmente desastrosa, de múltiplos dramas. Ex: Desvio da sexualidade humana; satisfação própria – egoísmo; ejaculação precoce.
Relações pré-conjugais: o casal de namorados não tem comprometimento legal ou moral e o sexo antes do casamento provoca a quebra da confiança mútua e prejuízo na comunicação. A relação sexual antes do casamento traz uma nuvem de culpa no adolescente, pois sente a sua comunhão com Deus abalada.

A crise da tendência grupal

Os adolescentes, geralmente, se identificam em maior ou menor grau, com heróis de cinema, líderes de grupo, esportistas, artistas, muitas vezes até o ponto de parecerem deixar de ser quem são, transformando-se no herói escolhido. A esta altura, o jovem raramente identifica-se com os pais, ao contrário, rebela-se contra o seu domínio, seu sistema de valores e sua intromissão na sua vida particular, uma vez que precisa separar sua identidade da de seu pai (eu sou eu, meu pai é meu pai).
Entretanto, há uma necessidade desesperada de pertencer a um grupo social. Os companheiros de idade, a roda de amigos e a turma ajudam-no a encontrar e a definir quem ele é dentro de certo contexto social. A maturidade começa quando, com a identidade estabelecida, o jovem sente-se integrado, independente, podendo então se manter por conta própria.
Também na luta pela independência dos pais, o adolescente procura no grupo um líder para submeter-se ou para exercer o poder paterno. Em virtude da estrutura esquizóide que caracteriza o fenômeno grupal, a personalidade do adolescente parece ficar fora de todo o processo que esta ocorrendo, desencadeando uma total irresponsabilidade pelo o que ocorre ao seu redor.

CONCLUSÃO

Adolescência é um fenômeno de desenvolvimento que só se verifica no homem. A criança nasce num estado de imaturidade relativamente maior do que os filhotes de outros primatas. A demora em atingir o crescimento pleno e a maturidade, permite um rico desenvolvimento, com complexas adaptações sociais e culturais.

É nesse momento da vida (adolescência), que não se pode alimentar a ilusão de que só o tempo presente conta. Não se trata de viver “instantes”, mas de viver uma vida, e que ela seja uma vida de felicidade. Por mais dificuldade que o adolescente encontre, deve-se ter o cuidado, para que sejam anos dos quais o jovem jamais venha esquecer.

Estudo que ministrei à minha Célula Renascer em 13/04/2012.

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