2015-09-15

Pesos e Medidas


     
       Ao nos debruçarmos neste assunto devemos tomar muito cuidado com o que vamos dizer, pois é um tema de considerável incerteza. Podemos, por várias passagens da Bíblia, determinar o valor dos pesos e medidas desses tempos bíblicos; é, contudo, matéria de muita dificuldade a sua absoluta determinação com respeito às medições modernas.
      Predominando na palestina desde tempos remotíssimos a influência da Babilônia, é muito provável que o sistema babilônico de pesos e medidas fosse o mais antigo que entre os hebreus esteve em uso; e como alguns desses pesos e medidas podem ser determinados pelas descobertas que se têm feito, temos, por esse motivo, uma boa base de comparação. Todavia, tem-se visto que antigos pesos presumido valor equivalente, que já têm sido examinados por modernos instrumentos de precisão, variam consideravelmente. As diferenças podem, algumas vezes, ser explicadas pelo motivo de estar cortada, ou gasta a pedra-peso, mas isto não explica tudo. Outra confusão nasce do fato de terem mudado de valor, durante o tempo do A.T., os pesos e medidas do mesmo nome, parecendo também, que pelo menos estiveram em uso ao mesmo tempo dois sistemas para fins diversos. Que havia um reconhecido padrão nos mercados é de supor-se pelo que se lê em Amós (8.5).

1-       Pesos- Os mais antigos pesos eram de pedra. O termo hebraico ebhen (lit. Pedra) é traduzido por “peso”.
 em 2 Sm. 14.26, “segundo o peso real”; em Pv. 16.11, “Todos os pesos da bolsa”. Esses pesos tinham, por vezes, a forma de animais terrestres, ou de aves. Referências a isto se pode encontrar em Gn. 33.19; Js. 24.32, onde o hebreu Kesitah, “peças de prata”, está traduzido por “cordeiros”, na Versão do Setenta, (Septuaginta). A moeda padrão do A.T. era siclo, palavra derivada duma raiz hebraica, que tem o sentido de “pesar”, e que só começou a significar moeda cunhada depois do exílio. Pelo ordinário sistema babilônico, 60 siclos = 1 mina (correspondendo a geras de Ez. 45.12, que se traduz por “arratel” em 1 Rs. 10.17; Ed. 2.69; e Ne. 7.71), e 60 minas (ou geras) = 1 talento (Ex. 38.24; 2 Rs. 5.5, etc.). Todavia no peso do ouro valia somente3000 em lugar de 3.600 siclos. Em tais casos o valor do siclo-peso permaneceu o mesmo; mas pelo que se lê em 2 Sm. (“ duzentos siclos, segundo peso real”) parece que entre os hebreus, como sabemos ter sido costume entre os babilônios, usava-se um siclo de mais alto peso nos pagamentos ao tesouro real. Havia pesos menores como o meio siclo ou o beca (Gn. 24.22; Êx. 38.26), e o gera, ou 1/20 dum siclo (Êx. 30.13; Nm. 3.47, “um siclo são 20 geras”; também Lv. 27.25; Nm. 18.16). Com respeito ao absoluto peso do siclo, a prova é muito contraditória, mas há a probabilidade de que o antigo siclo hebraico pesava primitivamente cerca de 12 gramas; mas, depois de ter sido mais tarde aumentado o peso (como afirma o Talmude), ficou sendo mais ou menos de 14,54 gr. A moeda siclo de Tiro pesa 14,3 gr. , e o judaico siclo de prata tem 14,5 gr. Mais ou menos.
      No N.T. a libra, em Jo. 12.3 e 19.39, era equivalente à libra romana, de cerca de 11 onças; e o talento (Ap. 16.21) era talvez o talento ático, tendo metade de cem pesos (ciclos), mais ou menos

2. Medidas de comprimento. As primitivas medidas mais pequenas são tomadas do corpo humano( D.T. 3.11), “pela medida dum côvado de homem” ou “pelo côvado comum). O ammah, ou côvado, era o comprimento do braço, desde o cotovelo até à extremidade do dedo maior. É uma medida comum a todos países. Estava dividida em dois palmos (zereth, Êx. 28.16; 1 Sm. 17.4), sendo o palmo a distância entre o dedo polegar estendido e o dedo mínimo; ou tinha seis vezes a largura da palma da mão (tophah, Êx. 25.25), ou 24 vezes a largura do dedo; ou (etzba,).  No A.T. temos prova de haver duas espécies de côvado, variando o seu comprimento. O profeta Ezequiel refere-se (cap. 40), a uma cana de medir de seis côvados de comprimento,  sendo este côvado antigo aumentado de Om 75, (Ez. 40.5; 43.13). À antiga medida há provavelmente uma referência em 2 Cr. 3.3; trata-se ali do côvado “segundo o primitivo padrão”. Estas medidas referem-se provavelmente, ao côvado que serviu na edificação do templo de Salomão: um antigo padrão, sendo 1/7 mais comprido do que o vulgarmente se usava nos tempos posteriores no A.T.
            O mais antigo padrão de medidas que conhecemos é o que se mostra na estátua do rei Gudea (2.500 a.C.),
        achada em Telloh. Na sua medição, o côvado era de 495 milímetros.
            Medidas de distância mais indeterminadas são o “passo” (1 Sm.  20.3; 2 Sm. 6.13), e a “distância dum tiro de arco” (Gn. 21.16).

              Na avaliação de distâncias maiores, é mencionado o “cordel de medir” (Jr. 31.39, e Zc. 2.1). No Novo  
   Testamento há referência às seguintes estádio , a medida equivalente a 200 metros (Lc. 24.13; Jo. 6.19; 11.18; Ap.
   14.20; 21.16). A milha correspondente a 7 ½ estádios, cerca de 1.500 metros. A toesa (At. 27.28), que
   Primitivamente era a distância entre a extremidade dum braço, estando ambos estendidos. Era igual a 4 côvados,
   aproximadamente dois metros.
           O caminho dum dia de sábado era tradicionalmente a distância de 2.00 côvados (cf. Jerusalém, em Êx). 16.29:
   “que ninguém vá do seu lugar no sétimo dia, além de 2.000 côvados”). Era, em todo o caso, duma milha (1.500
   metros, nalgumas passagens do Talmude, e o caminho dum dia era de cerca de 40 milhas (60 Km.), sendo esta milha a romana de mil passadas, ou então a distância percorrida em 18 minutos aproximadamente.
           Em Lc. 22.41, há menção duma curta distância indefinida: “dum tiro de pedra”.
    
        3. Medidas de superfície. A única medida de superfície, mencionada no N.T. é o tzemed (1 Sm. 14.14; Is. 5.10),
   traduzido pelo termo jeira. Era o espaço de terra que uma junta de bois podia lavrar num dia. Mas são
   desconhecidas as exatas dimensões da jeira dos hebreus, não se sabendo que relação estava para com a dos romanos.
   
        4. Medidas de capacidade. Nestas medidas é estreita a sua correspondência com o sistema babilônico; as mais antigas baseiam-se no sistema sexagesimal.
     
      O Log pode ser considerado a unidade das medidas de capacidade, equivalendo, provavelmente, à unidade babilônica, que era de 0,505 litro. Era, provavelmente, usada como medida de secos e de líquidos; mas somente há referências ao log como medida de líquidos (Lv. 14.10). A correspondente medida de secos pode ter sido ¼ do cabo.
     
      O cabo (2 Rs. 6.25) era medida de secos e líquidos, igual a quatro logs, ou a  2 litros aproximadamente.
     
      O him (Êx. 29.40; 30.24; Lv. 19.36; 23.13; Nm. 15.4; Ez. 4.11; 45.24; 46.5) era um medida de líquidos igual a 12logs, ou a 3 cabos: cerca de 6 litros.
     
      O Seah, a “medida”, (Gn. 18.6; 1 Sm. 25.18; 2 Rs. 7.1,16,18; Ag.2.16).era equivalente a 6 cabos  sendo a terça parte dum efa. Em Is. 5.10 a tradução do effi (Versão dos LXX) é “três medidas” (cf.  Mt. 13.33). Usa-se tanto para secos como para líquidos, mas especialmente para os primeiros; é uma medida de 12.1 litros.

       O Effi (efa)para secos, e o seu equivalente bato para líquidos, eram medidas de 3 seahs. “ O efa e o bato serão da mesma capacidade”  (Ez. 45.11):  cerca de 36 litros.

       O Ômer (Lv. 27.6; Is. 5.10; Ez. 45.11,13,14; Os. 3.2) usava-se para secos e líquidos, e é equivalente a um coro
( Ez.45.14_ - o Koros  de Lc. 16.7, que era especialmente uma medida de secos.
       O ômer e o coro são medidas de 363 litros. A medida (Êx. 16.16) é equivalente ao décimo dum efa (Êx.29.40; Lv.14.10; 23.13,17; Nm. 15.4,9). Trata-se duma medida de secos, que como o ômer, se baseia no sistema decimal em vez do sexagesimal.
       A tradição traduz lethek (Os. 3.2) por meio ômer, mas isto é duvidoso.


                Medida para secos                       Medidas para líquidos
      
              6 cabos = 1 seah
                  “(medida)”                                   4 logs = 1 cabo
              3 seahs = 1 efa                                  3 cabos = 1 him
              10 ômers ou issarons =
              1 efa                                                  6 hins = 1 bato
              10 efas = 1 ômer
                (coro)                                              (coro)


     


       No N.T. = o “jarro” (Mc. 7.4 = Gr. xestés) é o sextarius latino, medida de litro e meio.

      A “metreta”(Jô. 2.60 = Gr. metrétéis = cerca de 40 litros.

      O choinix, a medida do  Ap. 6.6, era pouco mais de 3 litros.


   Talento (moeda)
      Talento. É, no A.T. , o maior peso hebraico para metais. Os antigos hebreus parece terem tido diferentes talentos, provenientes da Assíria e da Mesopotâmia, onde havia talentos semelhantes. O talento peso “do rei” era igual ao peso padrão de 158 arretéis; o talento de ouro a 131 arretéis, 600 libras esterlinas; o talento de prata a 117 arretéis, 400 libras esterlinas. A moeda, mencionada no N.T., é o talento grego, com valor de, aproximadamente, 240 libras esterlinas. Aquela quantia que o servo da parábola devia era, portanto, enorme, 2.400,000 libras esterlinas (Mt. 18.24).
     Talento (do latim: talentum, do grego antigo: τάλαντον, talanton, significando "escala", "balança") era uma unidade da antiga Mesopotâmia para grandes quantidades de massa, sendo criada naSuméria, e consolidada por volta do Século XXIII a.C.. Foi usado em toda a Antiguidade com poucas variações de peso: Grécia, Roma, Egito, Israel, Babilônia, Suméria e Acádia. O talento já era usado na mesopotâmia e em Israel, mas foi a partir da introdução do talento na Grécia Antiga e posterior adaptação para o sistema romano, é que essa unidade se disseminou para o mundomediterrâneo.
Um talento grego, também chamado ático, pesava 26 kg (57 librasb); um talento romano pesava 32,3 kg (71 libras); o egípcio 27 kg (60 libras). Na Babilônia eram usados dois tipos de talentos: um chamado "leve", com 30,3 kg (67 libras), e o outro chamado "pesado", com 60,6 kg (134 libras). Israel Antiga, e outros países levantinos, de início adotaram o talento babilônico, mas posteriormente revisaram a massa. O talento usado nos tempos do Novo Testamento pesava 58,9 kg (130 librasb). Os hebreus chamavam o talento de kikkar.
      As civilizações mesopotâmicas (babilônios, sumérios e acadianos), hebreus e egípcios, dividiam o talento em 60 minas, cada mina subdividia-se em 60 siclos. Um talento tinha então 3600 siclos. Os gregos também usavam a razão de 60 minas para um talento. Sendo que uma mina equivalia a 100 dracmas (um dracma tinha de 4 a 6 gramas). Uma mina grega tinha de 431 à 437 gramas..
Como era uma unidade de massa, confundia seu significado com moedas, pois era usado para designar grandes quantidades de ouro ou prata.
      Para se ter uma ideia da riqueza dos aristocratas romanos, pode-se citar os exemplos  dos dotes atribuídos a uma rapariga à altura do seu casamento, que variavam entre 50 a 300 talentos, normalmente de ouro. Júlia Cesaris, a filha de Júlio César, foi dotada com 100 talentos de ouro no seu casamento com Pompeu. Esta quantidade corresponde a cerca de 3,6 toneladas de ouro (+ -340 milhões de reais ou + -150 milhões de euros em moeda atual).

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